À vontade...o prazer é nosso!

... Afinal, na vida só há espaços verdadeiros para cores, dores, amores...e muitos devaneios.































































quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Tentando amá-lo


Ela andava agitada demais para perceber que ele quase se perdia nas curvas que ela própria criava. Ela sabia do risco e das possibilidades de tudo ruir instantaneamente. Mas ela não se importava.
Cada dia que passava com ele ela tentava amá-lo. Acordava no meio da noite apenas para vê-lo dormir e, sentada ao lado dele, em silêncio, buscava respostas para sua infinidade de perguntas.
Enquanto ele dormia, ela podia observar cada traço, cada detalhe que ele trazia na face, e alí sentada , com o queixo enterrado nas mãos, apoida sobre os joelhos, ela imaginava tudo que queria que ele fosse.
Ele tinha uma beleza singular, o rosto era oval, cabelos claros, lábios volumosos e a pele era de uma brancura quase rosada. Era alto, corpo esguio, voz grave. E era apenas isso que ela conseguia admirar. Então, enquanto ele dormia, ela o despia de toda a beleza que ele trazia consigo, o deixava comum, e iniciava mais uma vez sua tentativa de amá-lo.
Ele era um belo frasco, e dormindo, a mansidão que pairava sobre o rosto dele o tornava ainda mais bonito. Mas ela era demasiadamente estranha e avessa as aparências, porque ela sempre acreditava que a beleza das pessoas mascaravam a feiura das suas almas. Isso era um grande problema quando ela decidia se aventurar em seus sentimentos, pois nunca alguém era capaz de lhe despertar aquela admiração adormecida que ela tanto fazia questão de sentir pelo outro. E no meio da noite, olhando friamente para ele, adormecido, imóvel, ela não encontrou razões suficientes para amá-lo, mas como ela não tinha certeza, ela se calou. Quando ele despertou, ela deixou que ele acreditasse que ela realmente estava alí. Sorriu, lhe deu um beijo, o abraçou forte, e com a cabeça no ombro dele, abriu os olhos e fitou o nada, se deixando cair no vazio de suas incertezas. É que ela vivia aprisionada as suas tantas exigências.

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