À vontade...o prazer é nosso!

... Afinal, na vida só há espaços verdadeiros para cores, dores, amores...e muitos devaneios.































































quinta-feira, 6 de abril de 2017

Outra Saudade

Aí me veio essa saudade
Do dia em que eu sabia ver
Que eu voava de verdade
E me bastava apenas ser.

Bastava ser passarinho
Passarinho que sabia voar
Que nunca fazia ninho
Já que nunca precisava voltar.

Em cada voo aventureiro
O desejo pelo incerto
E assim ia, de janeiro a janeiro.

Voando errado no voo certo
Até esquecer, quase que por inteiro
O gosto de céu, que eu tinha sempre tão perto.


















Não mais Passarinho

Mas hoje eu voltei, bem devagarinho
E agora não sei, se fico, ou saio de mansinho
Quando eu fui, fui bem ligeirinho
Mas hoje, eu sou pedra, e ontem, era só passarinho.

(Re) Começo

...De repente ela atracou seus navios...
Ela se cansou de navegar por mares tão altos
De viver sempre sozinha
Perdida em meio às tempestades do oceano que era a sua vida.
Porque ela era triste.
Porque levava no peito o amor que jamais seria seu.
Ela orava aos céus para que os ventos a levassem na direção certa
Na direção dele.
Mas ele orava aos céus para que os ventos o levassem para longe dela.
Ela era do mundo.
Ele era de Deus.
Ela sofria suas paixões
E por isso nunca desejou atracar
Porque temia não encontrar um porto seguro.
Muitos anos depois ela desistiu
Ela parou, e desfez as malas.
E sossegou seu coração
E aportou.
Ela aceitou que seus ventos não eram os mesmos ventos pelos quais ele navegava.
E parou.
Suas cores ficaram cinza
Seus céus, sempre nublados.
E seu porto não tinha mais ventos.
Até que o azul dos olhos dele voltou a colorir o horizonte
Os ventos a soprar os seus cabelos.
Ela transbordou diante do olhar mais puro que ela já vira
O mesmo de tantos anos atrás.
Mas seu coração tremeu em meio às antigas tempestades.
E temeu!
Suas velas não içavam mais.
Ela não podia ir.
Nunca mais poderá.
Então ela, mais uma vez, fugiu.
...E ele, viveu uma vida leve e feliz...

segunda-feira, 9 de março de 2015

É Disso que Estou Falando...

A boca que dizia que o amava
Era a mesma boca que ardentemente beijava outra boca.
E cada vez que ela era esquecida, seu coração palpitava
E seu corpo queimava num fogo de pecado que ela mesma ascendia.
E quando a noite caia, e a lua surgia gloriosa
Ela vestia sua fantasia de felicidade, e deixava-se embalar por uma suave canção.
Seu corpo ficava mais belo
Seu sorriso mais largo
Sua face mais pálida
Suas mãos mais gélidas
E seu coração mais cheio.
Às vezes, ela perdia os alicerces de sua vida
Mas o ar era perfumado por aquele “anjo” que estremecia suas bases.
E ela adorava aquele cheiro.
Então ela bebia cada gota daquele perfume
Degustava cada palavra, que sempre era dita com um sorriso de canto
Ela alimentava sua alma que há tempos andava “jogada”.
Depois, tirava sua fantasia de felicidade
E vestia o traje que mais lhe caia bem...
A Realidade.











quarta-feira, 4 de março de 2015

Sempre a Mesma

E ela ainda passa horas à janela, contemplando seus mares, agora ainda mais desertos...

O tempo estava sempre nublado
O sol teimava em não sair
E a imensa sombra ao lado
A impedia de sorrir.

Suas ruas continuavam desertas
Seus mares em total calmaria
Embora deixasse suas janelas sempre abertas
Ela sabia que de nada adiantaria.

Em seu caminho não tinha sol
Mas também não tinha chuva
O tempo era sempre igual
E ela parava, sempre, na mesma curva.

Então um dia ela quis multidão
Ela quis sol...
Mas chuva também desejou
E sua alma virou confusão
Seus desejos, um turbilhão
E na mesma curva, mais uma vez, ela parou.

sexta-feira, 7 de novembro de 2014

Para que Asas?!

O tempo não dá tréguas! E de repente eu noto que meu navio, que não queria um porto, já não quer mais navegar pelos mares altos. Às vezes, quando o cair da tarde traz aquele ventinho suave, ainda sinto um resquício de saudade dos tempos em que vivia a deriva. A vida era boa, mas era triste. Era uma tristeza que por vezes se fazia necessária para eu me sentir viva. Por vezes acreditei que um coração sem tristeza era um coração vazio. E levei isso muito a sério, por muitos anos. Eu amava ser triste. Era quase como que o fato de ser triste me deixasse feliz. Um tanto quanto contraditório, olhando hoje, tão longe dos vastos mares pelos quais, por anos, sozinha eu naveguei. E hoje, ao olhar para trás e não conseguir enxergar a mesma vastidão de sonhos que tinha outrora, meu coração ainda palpita e, ao longe, ainda posso ver a face amarela, e sentir as mãos suaves daquela tristeza que tantas vezes se confundiu com meu próprio ser. E sempre que isso acontece, confesso, fico tentada a me atirar novamente nas águas revoltosas que há tempos não navego mais. Então me dou conta que, para mim, o tempo passou depressa demais, e que embora eu tenha criado asas, isso não faz muita diferença quando já não se deseja voar. Para que asas, se com elas sou tão pequena que já não desejo lançar meus navios ao mar?!

terça-feira, 22 de outubro de 2013

Mais um Dia


Pelo vidro embaçado vejo o balançar das árvores...

É um dia morno, escurecido, ainda que seja cedo.

Há um movimento frenético nas duas ruas que cortam a minha frente

Mas o único som é a sinfonia quase morta de Beethoven que insiste em tocar

...A suavidade da música não combina com o ambiente por trás da vidraça

Mas com o estado em que se encontra a minh'alma...ahhh sim, é um par perfeito!

Sinto saudades das viagens longas

Quando podia sentir o mesmo vento soprar e me levar como uma pluma que flutua levemente

Saudades daquela solidão que tantas vezes me pôs em prantos.

A vida não tinha sentido

Mas existia a busca incessante por algo novo.

A vida era vazia

Mas o coração explodia em emoções, muitas vezes inexplicáveis

...os dias mórbidos tinham muito mais beleza!

Hoje, apesar do movimento por detrás do vidro embaçado

Do silêncio mesclado a melodia triste que toca ao fundo

É apenas mais um dia

Um dia comum, com vento comum, manhã escurecida de um jeito também comum

...um cenário sem navios, sem tempestades, sem medos...

Um dia cheio...de alma completamente vazia...