À vontade...o prazer é nosso!

... Afinal, na vida só há espaços verdadeiros para cores, dores, amores...e muitos devaneios.































































quinta-feira, 17 de junho de 2010

Sem lenço e sem documento...


...Após lhe ser retiradas as algemas, sentou-se de cabeça baixa e não ousou levantar o olhar. Iniciado o interrogatório, perguntou-lhe a assistente:
_ CPF?
_ Não tenho.
_ RG?
_ Não tenho.
_ Profissão?
_ Nenhuma.
Nessa hora, como se levasse um grande susto, levantou a cabeça de súbito, olhou de relance para a assistente, desviou o olhar, lançou-o ao vazio, suspirou, e disse em tom melancólico e com a voz embargada:
_MEU DEUS...EU NÃO TENHO NADA!!!
...É possível que naquele momento, após passar quase 30 anos sem se dar conta de que "não era nada", ele tenha notado que não adiantaria dizer mais nada, não adiantaria questionar, que NÃO TER/SER NADA já o tornara culpado.
Baixou novamente os olhos e sussurou de modo quase imperceptível:
_ Não tenho nada a dizer. EU REALMENTE FIZ TODAS ESSAS COISAS.
Sem dizer mais nenhuma palavra, respondeu a todas as demais perguntas com gestos de cabeça.
Algemado novamente, como se fosse um animal feroz e perigoso, foi retirado da sala e levado novamente para a "jaula", onde passaria uns "bons" anos de sua vida desgraçada.
...Seu crime?
...Furtou alguns pães para saciar a fome dos filhos que definhavam em casa...Se é que aquilo poderia se chamar de casa...

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