À vontade...o prazer é nosso!

... Afinal, na vida só há espaços verdadeiros para cores, dores, amores...e muitos devaneios.































































domingo, 27 de junho de 2010

Inconformismo


Por algum tempo ela tentou resolver a confusão em que estava metido seu coração. Caminhou por longos dias. Passou muitas noites em claro, pensando.
Não se conformava por se sentir tão feliz! Isso a deixava demasiadamente incomodada.
Ela olhava à sua volta e tudo estava minuciosamente em seu lugar.
Aquela organização. Aquela calmaria. Tudo a deixava confusa. E ela sentia que a tempestade que existia permanentemente dentro dela [muitas vezes silenciosa] começava a se formar. Mas nada mudava.
Foi então que ela percebeu que havia atracado o seu navio. Percebeu que aquele porto seguro que ela sempre avistava ao longe [mas sempre fugia] estava tão perto que não havia tempo para afastar-se.
Mas ela nunca se conformou com aquela felicidade tão comum a todas as pessoas [ainda mais comuns]. Em razão disso, todas as vezes que avistava um porto, um cais seguro, ela levantava suas velas e partia em disparada, navegando em mar aberto.
Aquela felicidade não era para ela. Aquela calmaria externa não era capaz de dissipar a tempestade que existia dentro dela. E era isso que não a deixava aceitar aquela sensação de ser feliz. Era por isso que sempre partiu sozinha, até alí.
Agora que descuidou-se, e ancorou, vive todos os dias uma ânsia de algo prestes a explodir, mas que não explode. É como aquela vontade de espirrar, que vai e volta, vai e volta, vai e volta. Mas fica apenas na vontade. Como aquele sonho no qual se está caindo, caindo, caindo, perdendo o ar, e você tenta desperadamente sair dele. Mas não consegue acordar.
Assim, a cada dia, sua vida se envolve nessa ânsia desesperada por todas as coisas que nunca são. E mesmo assim, permanece ali. Inconformadamente feliz.

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