À vontade...o prazer é nosso!

... Afinal, na vida só há espaços verdadeiros para cores, dores, amores...e muitos devaneios.































































domingo, 16 de maio de 2010

Perdido


Naquela manhã ele acordou menos vivo que de costume. Levantou-se e se pôs a pensar nas tantas coisas que deixara passar por sua vida sem sequer notar. Estava com a alma tão pesada, a ponto de sentir uma dor física que quase não podia suportar. Olhava para sí e percebia que havia se fechado tanto que nem mesmo ele conseguia se ver com a mesma nitidez de outrora. Era estranho a sí próprio. Percebeu que a última metade de sua vida tinha deixado passar à margem de sí mesmo ... e também dos outros. Até que ele tentou, mas suas feridas estavam abertas o bastante para não deixá-lo arriscar-se, ainda sangravam o suficiente para causar-lhe medo e tirar-lhe a coragem de abrir a porta para deixá-la entrar. Ele sabia que muitas vezes ela parou ali, olhou, e esperou. Ele não abriu, e ela não queria invadí-lo, e ao final sempre ia embora deixando a certeza de voltar. Mas ele não se sentia mais, não sabia quem era, não tinha para onde ir. Passou a manhã estendido em sua cama, olhando para o nada e deixando-se definhar ainda mais. Ele tentava, mas na realidade, não queria se encontrar, por isso permanecia sempre à margem...

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